quinta-feira, 3 de outubro de 2013

121. Fundamentando o KARA...


Vamos lá outra vez... Usando o cérebro apenas um pouco e, partindo do princípio que sabemos quanto é 1+1, com um trabalho de associação de ideias (conjecturas) e fatos históricos verificáveis documentalmente, acredito que podemos lançar alguns pontos a respeito do desenvolvimento do Karatedō.
Em primeiro lugar, sabe-se que uma das condições para que o Karatedō fosse reconhecido pela Dai Nippon Butokukai era a alteração do ideograma KARA (significando "Dinastia Tang") para um outro que retirasse a conotação "Chinesa" da arte.
Pois bem, com a alteração do ideograma "Chinês" para o ideograma japonês "Vazio", foi satisfeita esta condição de aceitação japonesa... mas os problemas que se geraram a seguir é que ficaram fora de controle! O "vazio" - que inicialmente estava mais para "combate desarmado", "com mãos vazias" - passou a ser "a vacuidade do Zen" e, a partir daí, as ideias mais disparatados e malucas começaram a fluir! 
O Karate passou a ser "místico", os faixas pretas passaram a estar "nas nuvens da sabedoria e iluminação espiritual", acima dos demais mortais! "Não, não... Agora eu estou no mundo Zen!", "A arte marcial tornou-me iluminado!", "Eu flutuo no mundo dos Buda!" e tantas outras tolices que algumas pessoas impingem a fim de "venderem o seu peixinho".
O que nos leva a uma questão pertinente: com a mera alteração de um ideograma, o sentido do Karate foi alterado de arte de combate para via religiosa?
Defensores do "karate místico" evocam uma tradição "Zen" que começa, por mais incrível que possa parecer, apenas com a introdução do Karate no Japão, MAS, estes mesmos defensores do "karate transcendental" não falam nada sobre esta matéria em relação ao período pré-introdução do Karate no Japão (o que é bastante conveniente para a mística esotérica e transcendental do Karate)... como se o Karate tivesse nascido exatamente no Japão!
Para mim, esta é a minha opinião pessoal, isto não passa de tretas! É fazer o Karate parecer "mais" do que realmente é, sem que realmente haja necessidade efetiva de o fazer! Porque o Karate por si só não precisa de tretas para se afirmar, pois tem uma história verídica e verificável, (com algumas lacunas ainda por preencher, é bem verdade) mas não precisa de que sejam "inventadas" filosofias que não coincidem com a evolução histórica desta arte.
Até pouco tempo atrás andávamos todos na idade das trevas da informação, onde cada um "dava a sua pedrada" e saía mais ou menos "bem na foto". Atualmente, alguns assuntos podem ser verificados e esta mística atribuída ao ideograma japonês KARA na palavra «Karate» é mais um dos assuntos "bastante questionáveis".
E como "um erro puxa outro erro", com base no Karate/Zen, começaram a dizer que Zazen (meditação sentada budista) era feito nos treinos de Karate! Outro disparate completo! Misturam assuntos que, à partida, nada tem a ver, isto é, religião e treino marcial.
Infelizmente, existem pessoas, instrutores, escritores, autores e criadores de "sites" e "Web Logs" ("blogs") que, sem estudar coisa alguma, pesquisar seja o que for ou fundamentar as suas afirmações, continuarão a afirmar que o KARA de Karate ainda tem algo a ver com o Zen!
Neste caso, isto é, a defesa do "karate místico", seria bom que eles também desenvolvessem a religiosidade deste assunto nos períodos que antecederam a chegada do Karate ao Japão e fundamentassem esta mentalidade mística que afirmam existir nesta arte marcial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário