sexta-feira, 31 de outubro de 2014

220. Olimpíadas - Tōkyō 2020

WORLD KARATE CAMPAIGN
JKF did too little, too late. Karate is out of Olympic now!

Almost two decades ago, when south Korea was going to host the Olympic, Taekwondo got the IOC majority and was fully recognised as an Olympic sport. Comparing Taekwondo and Karate; Karate was much biger and popular than Taekwondo at that time and of course still is. Everyone knows that South Korea's Taekwondo Federations had a successful strategy and earned IOC votes for its traditional martial art, Taekwondo.

Now, Tokyo will be hosting the Olympic games in 2020. Thomas Bach the president of the international Olympic Committee officially confirmed that karate will not be in Tokyo Olympics 2020. With Bach's announcment, JKF that has already been suffering from disunity in Japan has now lost many of its members including JKA. They now find themselves in a critical situation. Japanese Karstekas believe that JKF did too little, too late for karate to be in the Olympics 2020.

“A CAMPANHA DO KARATE MUNDIAL
A Federação Japonesa de Karate (JKF) fez muito pouco, muito tarde. O Karate está fora das Olimpíadas agora!

Quase há duas décadas atrás, quando a Coreia do Sul ia sediar as Olimpíadas, o Taekwondo obteve a maioria do Comitê Olímpico Internacional (COI) e foi completamente reconhecido como um desporto Olímpico. Comparando-se o Taekwondo e o Karate, o Karate era muito maior e popular do que o Taekwondo naquela ocasião e, é claro, ainda continua a ser. Todos sabem que as Federações de Taekwondo da Coreia do sul tem uma estratégia de sucesso e conseguiram os votos do COI para a sua arte marcial tradicional, o Taekwondo.

Agora, Tōkyō irá sediar os Jogos Olímpicos em 2020. Thomas Bach, o presidente do Comitê Olímpico Internacional confirmou oficialmente que o Karate não estará nas Olimpíadas de Tōkyō de 2020. Com o anúncio de Bach, a JKF que já tem sofrido de desunião no Japão, agora perdeu muitos dos seus membro, incluindo a Associação Japonesa de Karate (JKA). Eles agora encontram-se em uma situação crítica. Os karateka Japoneses acreditam que a JKF fez muito pouco, muito tarde para estar nas Olimpíadas de 2020.

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Antes de deixarmos as paixões à flor da pele falarem mais alto, vamos ver o que realmente está em jogo em se tratando da passagem de uma “Arte Marcial” a “Desporto Olímpico” e, para fazê-lo, nada melhor do que apresentar um exemplo prático: o Jūdō – um exemplo concreto de uma Arte Marcial com posterior inclusão nos Jogos Olímpicos.
Vamos, em primeiro lugar, conhecer esta arte e, só depois, tecer analogias com o Karate.
O Jūdō, de forma bastante simplista, é o aperfeiçoamento de técnicas de combate de duas escolas distintas de Jūjutsu (antiga arte marcial japonesa usada nos campos de batalha para “matar” outro ser humano), a saber: Kitō-ryū (de onde saíram as nage-waza “técnicas de projeção”)   e a Tenjin Shin’yō-ryū (de onde saíram as Katame-waza “técnicas de controle” do adversário – através de imobilizações, estrangulamentos e chaves às articulações – e as Atemi-waza “técnicas de pancadas em pontos vitais”).
Além destas três divisões, o Jūdō (antigo e contemporâneo) ainda apresenta mais duas: Kappō “Técnicas de reanimação” e Kata “formas preestabelecidas de treino formal”.
É exatamente este o Jūdō responsável pela derrota da coligação de escolas tradicionais de Jūjutsu em 11 de Junho de 1886, cuja competição iria decidir a arte a ser ensinada em organizações militares, departamentos de polícia e escolas, evento organizado pela Academia de Polícia Metropolitana de Tōkyō, no templo Yayoi, onde foram colocados frente a frente o Kōdōkan Jūdō vs. Totsuka Ha Yōshin-ryū Jūjutsu. Foram 15 combates, onde o Kōdōkan Jūdō perdeu 2, empatou 1, venceu 12!

"Sob os auspícios do Chefe da Polícia Metropolitana, uma grande competição foi arranjada entre ambas as escolas (Jūdō e Jūjutsu). Era uma batalha decisiva. Derrota teria sido fatal para o Kōdōkan. Mas, naquele torneio, para o qual foram selecionados 15 elementos de cada escola, o Kōdōkan venceu todos os combates, exceto dois e um que terminou em empate. Aquela brilhante vitória estabeleceu de uma vez por todas a supremacia do Kōdōkan Jūdō sobre todas as escolas de Jūjutsu."

Para quem conhece Jūjutsu, o Jūdō ter sido capaz de tal feito não seria possível apenas com as técnicas que se vê nos Jogos Olímpicos! Daí este Jūdō Olímpico ter permitido o ressurgimento do “neo- Jūjutsu” para suprir a falta de um Jūdō voltado à defesa pessoal efetiva.
Mas o Jūdō “evoluiu” e passou a ser Desporto Olímpico… aqui, o Jūdō começa a perder a sua efetividade como “arte marcial” e passa a ser “desporto”, pois as técnicas de Atemi (“ataques a pontos vitais do corpo humano” – que eram técnicas letais e, portanto, proibidas de serem usadas nos Jogos Olímpicos) e as Kappō (“técnicas de reanimação” – por já não se aplicarem) foram completamente suprimidas. Conclui-se, naturalmente, com o advento Olímpico, a “arte marcial”, perdeu.
Por outro lado, a inclusão do Jūdō nos Jogos Olímpicos popularizaram o Jūdō, fazendo que o número de praticantes esteja sempre a crescer. Isso é um aspecto positivo a nível de difusão do Jūdō, não como arte da guerra, mas como forma de união fraterna, o que é o preceito básico do tão famoso “Dō”, conhecido por todos nós e implementado da sociedade japonesa a partir da era Meiji.
Portanto um Jūdō sem Atemi ou Kappō é um Jūdō feito a 60% da sua total efetividade, o que está bastante longe da sua expressão prática ideal, mas, sejamos realistas, o período de guerras (Sengoku Jidai), os samurai já não existem e a necessidade de “matar outro ser humano” está longe de ser uma prioridade em treino marcial contemporâneo.
Devemos ter em mente que a ideia original de Kanō Jigorō (o fundador do Jūdō) sempre foi de completo apoio à competição, por achar que esta servia como aplicação – em tempos de paz – das técnicas do Jūdō e isso ficou bastante claro com a criação das competições Kōhaku em 1884.
Portanto, conhecidas as diferenças necessárias para que o Jūdō passasse de “Arte Marcial” a “Desporto Olímpico”, o que foi perdido e o que atualmente não se faz a menor ideia que ainda exista sobre o Jūdō original, podemos traçar comparações com o Karate e eliminar alguns “enganos” feitos e difundidos de forma (in)consciente.
Para começar, precisamos de saber o que significa ser o Karate como “Arte Marcial”: há pouca documentação a nível histórico do uso do Tōde (arte precursora do Karate atual) como “arte militar” usada em campos de batalhas e, portanto, a sua “eficácia” vem dos tempos de paz.
Mesmo que o Tōde seja um sistema codificado de combate efetivo originário nas artes mais antigas Chinesas, sendo  incorporadas às técnicas nativas do Reino de Ryūkyū (antigo nome de Okinawa, antes de invasão japonesa), o “produto final” é bastante recente. De fato, os registos históricos mostram que o Karate tal qual conhecemos hoje em dia tem pouco mais do que uma centena de anos apenas.
Aquilo que o Karate apresenta como “técnicas de socos” e “técnicas de chutes” visam áreas genéricas de ataque (Jōdan, Chūdan e Gedan) nunca entrando nos aspectos mais profundos sobre os pontos exatos a atacar. Pela documentação antiga, veem-se diagramas, desenhos, cartazes de pontos vitais usados pelas artes “Chinesas” (artes de cura ou combate) e – este é meu ponto de vista – estes grafismos nunca foram completamente explorados, estudados ou entendidos em Okinawa (isso é fácil de observar quando algumas escolas, a fim de minimizar esta deficiência de conhecimento, optam pelo endurecimento das mãos e dos pés a fim de que não seja necessário saber onde o ataque irá acertar, uma vez que o condicionamento das mãos e dos pés supostamente “garantem” a destruição do alvo necessária, mas estas mesmas escolas esquecem, com frequência, que o condicionamento das “armas naturais” acarreta na destruição ou inutilização do movimento natural das áreas condicionadas com o passar dos anos).
Nos períodos das guerras internas Chinesas com objetivo de unificar a China, no período feudal japonês onde os Shōgun viviam em guerra a fim de aumentar os seus feudos, “testar” as técnicas de combate era bastante fácil, saber os efeitos de um ataque a determinada área do corpo humano, cortar, esmagar, quebrar… tudo era possível e permitido, sendo tudo codificado nas artes militares.
Para complicar ainda mais a situação do Karate, historicamente este encontra-se dividido em Escolas (Kan), Associações (Kai), Estilos (Ryū), Linhas (Ha) etc… Cada uma destas divisões a “puxar para o seu lado”.
Há muito o que se diga sobre o Karate, tanto como “Arte Marcial” como “Desporto”, mas eu acredito que a inclusão do Karate como Desporto Olímpico, nesta altura, não seria benéfico para uma arte que ainda está em fase de organização (ou não).


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