Lá vou eu bater na mesma tecla outra vez, mas...
Não há dúvidas que vivemos num mundo onde o acesso à informação está na ponta dos dedos e, portanto, já não há desculpas quanto à falta de fontes de consulta e pesquisa. Também não há dúvidas que muitas fontes apresentam informações muito questionáveis (mas que podem ser facilmente identificadas).
O problema que existe, com tanta informação disponível, é a realidade de que mesmo que as fontes de pesquisa agora sejam inúmeras, a vontade de pesquisar continua a ser tão pouca e o comodismo parece ser uma barreira intransponível.
Isso é facilmente visível quando o assunto - dentro das artes marciais japonesas - são sistemas de transcrição fonética (ou sistemas de romanização), onde em 99,99% dos trabalhos que vemos na internet nem mereciam estar lá, pois apenas mostram a falta de empenho e conhecimento por parte de quem lá os expõem.
(o_o) - "Mas... o que são "sistemas de transcrição fonética"?"
Vou colocar este assunto de forma bastante simples para que todos entendam o que eu quero dizer. Sistemas de transcrição fonética são sistemas utilizados para escrevermos - usando o nosso conjunto de letras (o "alfabeto") - palavras de origem estrangeira, especialmente se estas palavras ou expressões pertencem a idiomas que não usam os nossos caracteres.
(o_O) - "?!?"
Calma! Primeiro vamos entender o que é o Alfabeto!
"Alfabeto" são as duas primeiras letras gregas Alfa e Beta e representam atualmente o conjunto de caracteres que expressam a escrita latina, ou seja, as 26 letras que conhecemos.
(o_o) - "E o que tem isso de importante?!"
Simples: existem outras nações que não utilizam o "Alfabeto" - os caracteres latinos - nas suas formas escritas. Por exemplo: os Japoneses, Chineses, Coreanos etc. utilizam uma forma escrita onde o alfabeto não é utilizado!
Portanto, é necessário um sistema oficial para passar os caracteres, as letras e os ideogramas orientais para serem utilizados com as nossas 26 letrras. No caso do idioma Chinês, o sistema de transcrição fonético mais conhecido é o Pin Yin (entre outros); no caso do idioma Coreano, o sistema de transcrição fonético mais conhecido é o McCune-Reischauer e no caso do idioma Japonês, o sistema de transcrição fonético mais conhecido é o Hepburn (entre outros).
(^_^) - "Mas qual é o propósito disso?!"
É que a acomodação, a malandragem, a vagabundagem, o "deixa estar" ocidental faz com que informações erradas sejam (re)passadas como se de forma fidedigna se tratassem. E essa vadiagem, esta falta de profissionalismo a nível de transmissão de informação está instalada desde as mais altas instituições das vias marciais até o último elo da "cadeia pedagógica" do ensino marcial (neste caso, os "sensei" e seus respectivos alunos).
Não vou falar sobre o sistema Hepburn aqui porque qualquer pessoa, com o "MÍNIMO" de interesse e com verdadeira vontade de apresentar informação correta sobre a via marcial sobre a qual pretende escrever alguma coisa, pode encontrar toda informação na internet, mas vou dar alguns exemplos de nomes de vias marciais, suas trannscrições fonéticas CORRETAS e vou fundamentar a razão pela qual se deve usar tal sistema.
Vamos então aos exemplos:
剛柔流 Gōjū-ryū
松濤館 Shōtōkan
糸東流 Shitō-ryū
和道流 Wadō-ryū
講道館 Kōdōkan
柔道 Jūdō.
Como podem notar, de acordo com o sistema de transcrição fonética Hepburn, a indicação de vogal longa é feita com a utilização de um acento chamado "Mácron" sobre a vogal que tem um valor fonético mais longo.
Estas são as transcrições CORRETAS destes nomes!
\(ºoº)/ - "Mas ninguém usa isso!!"
É verdade! Porque as pessoas que não utilizam métodos oficiais de transcrição fonética são malandras e inaptas mais do que suficiente para não fazerem uma pesquisa prévia antes de publicarem informações erradas a respeito das artes sobre as quais escrevem!
Mas falar sem fundamentar é especular! Então vou fundamentar o que eu quero dizer: qualquer pessoa que gosta da cultura japonesa já viu em filmes de Samurai ou em Kata mais tradicionais (nos casos do Kobudō, Jūdō e Aikidō) uma forma de andar de joelhos chamada 膝行 Shikkō. Pois bem, se a indicação de vogal longa não for adicionada, esta palavra 叱呼 Shikko, agora escrita sem acento, é traduzida por "fazer chichi"... o que não é, nem de longe, o significado que se pretende transmitir! (^_^)
Por isso, meus amigos, antes de sairem de forma desvairada a publicar os vossos graus de conhecimento a respeito de uma arte japonesa, "percam" um pouco de tempo em uma pesquisa prévia, um estudo mais aprofundado a fim de evitar que informações erradas sejam transmitidas ou retransmitidas como se fossem informações corretas.
Como eu disse no início deste post, numa época onde a informação está ao alcance dos dedos, NADA justifica a apresentação de trabalhos mal feitos...