quinta-feira, 3 de outubro de 2013

122. UVAS - SAFRA ESPECIAL 02













EXPLICANDO A TRANSFORMAÇÃO DO “-JUTSU” EM “-DŌ”.

Por Joséverson Goulart.

Agora, sabendo-se um pouco da história do Japão, podemos tecer alguns comentários mais fundamentados a respeito da evolução das Artes Marciais Japonesas.

Em primeiro lugar, não há uma data específica para a transição do Bujutsu em Budō… o que podemos “especular” é que teria provavelmente ocorrido no final do xogunato Tokugawa e princípio da era Meiji (século XIX).

Em segundo lugar, sabemos, com certeza, que na cronologia da evolução do próprio Japão houve decisões políticas, prós e contras, à modernização do Japão tendo como comparação os países estrangeiros mais industrializados, chegando a um ponto onde apenas o conflito armado poderia resolver esta questão.

Em terceiro lugar, é neste contexto - o Japão do século XIX em busca de uma equiparação aos países estrangeiros - que a transformação das antigas artes -JUTSU em modernas artes -DŌ é levada a efeito.

Podemos, com a informação que temos, afirmar que esta transformação das artes antigas em artes modernas é uma consequência natural de uma mudança de mentalidade governamental moderna, afastando-se do sistema de governo anterior.

A eliminação das classes sociais antigas e, posteriormente, popularização de atividades que outrora eram exclusivas dos Samurai deram um novo impulso e nova perspectiva à prática marcial Japonesa, agora difundida mundialmente.

Diferente das artes que foram usadas nos campos de batalha (Koryū-Bujutsu), onde a unificação do Japão foi inequivocamente decidida, as artes modernas (Gendai-Budō) agora devem se adaptar a uma sociedade de paz, harmonia e desenvolvimento nacionais.

Muito se diz sobre a “mística” do ideograma DŌ, a respeito de uma “Via” de um “Caminho”, mas, como disse anteriormente, sendo pragmático, esta alteração de sufixos (de “-Jutsu” para “-Dō”) é uma consequência natural da evolução da própria sociedade Japonesa, sem qualquer vínculo com significados transcendentes, místicos ou sobrenaturais.

Pode haver outras interpretações mais “românticas” do que seriam as “Artes Marciais” (Bujutsu) ou “Vias Marciais” (Budō)?

Claro que sim!

Mas este “romantismo” (muitas vezes exacerbado) explica de forma clara e racional o desenvolvimento cronológico da história Japonesa?

Na esmagadora maioria dos casos, não!

Como tudo na vida… isto também é uma questão de escolhas.

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