Há um grande número de
praticantes de artes marciais japonesas que se consideram verdadeiros “samurais”,
seguidores do Bushidô e dos elevados padrões dos guerreiros japoneses feudais.
É fácil encontrar as sete
virtudes do Bushidô (1) Retidão ou Justiça - SEIGI 正義, 2) Coragem - YUKI 勇気, 3)
Benevolência - JIN'AI 仁愛, 4) Polidez / educação - REIGI 礼儀, 5) Sinceridade ou
devoção - SHISEI 至誠, 6) Honra - MEIYO 名誉, 7) Lealdade - CHUSETSU 忠節) sendo
citadas como se as pessoas que as citam vivessem num universo ou século paralelo,
no qual andariam com espadas à cintura e a defender a justiça (apenas de forma
hipotética ou lúdica, naturalmente).
Ah! Isso seria tão bom! Nutrir um
mundo justo e honrado!
A este respeito, referiu-se o
Mestre de Karatedô, Funakoshi Gichin, nos seus “Vinte Preceitos”:
一、空手は義の輔け。Hitotsu, Karate wa gi no tasuke.
"Importante, o Karate é um
assistente da Justiça."
Será mesmo? (Se é que alguém
chegou a “perder tempo” em pensar nisso…)
Uma coisa é o sonho a ilusão dos “samurais
contemporâneos”, daqueles que criam “«novas» tradições para atenderem às suas
conveniências" muito particulares, quer pela necessidade de bajulação, quer por pura vaidade, quer pela necessidade imatura de "poder" (em regra geral, são criadas conveniências que impliquem sempre "o menor esforço possível"), da mesma forma, aquilo que o Mestre Funakoshi deixou
escrito – se não colocadas em prática; outra coisa é a realidade atual, pura e dura!
Nos dias de hoje, não andamos com
espadas à cintura com ar desafiador e olhar aguçado, nem usamos Hakama ou kimonos pelas ruas. Vivemos num mundo onde os
campos de batalha são muito mais sutis e, em certa medida, muito mais
perigosos, porque a “retidão” apregoada por muitos não é tão “reta” como
aparenta ser.
Por outro lado, todos os dias, nós
temos a chance de sermos justos, todos os dias nós temos a chance de viver como
viveram realmente os antigos Samurai. E isso só depende do “quão justa é a nossa justiça”.
Agora cabe a cada um pensar no seguinte: o que tenho
feito eu a fim de que o mundo seja mais justo? Luto realmente pela retidão
(de comportamento e opiniões)? Luto por valores elevados, como os fundamentos
do Bushidô? Ou acomodo-me (acovardo-me) e encolho-me num canto? Esperando que o tempo passe e que tudo se resolva sem a minha intervenção...
Não estaremos a ser simplesmente insanos dia após dia?
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