segunda-feira, 13 de abril de 2015

225. JUSTIÇA E FAZER O QUE É JUSTO.

Há um grande número de praticantes de artes marciais japonesas que se consideram verdadeiros “samurais”, seguidores do Bushidô e dos elevados padrões dos guerreiros japoneses feudais.

É fácil encontrar as sete virtudes do Bushidô (1) Retidão ou Justiça - SEIGI 正義, 2) Coragem - YUKI 勇気, 3) Benevolência - JIN'AI 仁愛, 4) Polidez / educação - REIGI 礼儀, 5) Sinceridade ou devoção - SHISEI 至誠, 6) Honra - MEIYO 名誉, 7) Lealdade - CHUSETSU 忠節) sendo citadas como se as pessoas que as citam vivessem num universo ou século paralelo, no qual andariam com espadas à cintura e a defender a justiça (apenas de forma hipotética ou lúdica, naturalmente).

Ah! Isso seria tão bom! Nutrir um mundo justo e honrado!

A este respeito, referiu-se o Mestre de Karatedô, Funakoshi Gichin, nos seus “Vinte Preceitos”:

一、空手は義の輔け。Hitotsu, Karate wa gi no tasuke.
"Importante, o Karate é um assistente da Justiça."

Será mesmo? (Se é que alguém chegou a “perder tempo” em pensar nisso…)

Uma coisa é o sonho a ilusão dos “samurais contemporâneos”, daqueles que criam “«novas» tradições para atenderem às suas conveniências" muito particulares, quer pela necessidade de bajulação, quer por pura vaidade, quer pela necessidade imatura de "poder" (em regra geral, são criadas conveniências que impliquem sempre "o menor esforço possível"), da mesma forma, aquilo que o Mestre Funakoshi deixou escrito – se não colocadas em prática; outra coisa é a realidade atual, pura e dura!

Nos dias de hoje, não andamos com espadas à cintura com ar desafiador e olhar aguçado, nem usamos Hakama ou kimonos pelas ruas. Vivemos num mundo onde os campos de batalha são muito mais sutis e, em certa medida, muito mais perigosos, porque a “retidão” apregoada por muitos não é tão “reta” como aparenta ser.

Por outro lado, todos os dias, nós temos a chance de sermos justos, todos os dias nós temos a chance de viver como viveram realmente os antigos Samurai. E isso só depende do “quão justa é a nossa justiça”.

Agora cabe a cada um pensar no seguinte: o que tenho feito eu a fim de que o mundo seja mais justo? Luto realmente pela retidão (de comportamento e opiniões)? Luto por valores elevados, como os fundamentos do Bushidô? Ou acomodo-me (acovardo-me) e encolho-me num canto? Esperando que o tempo passe e que tudo se resolva sem a minha intervenção...

Há uma definição de insanidade que diz o seguinte: "Insanidade é fazer tudo da mesma maneira, dia após dia, e esperar resultados diferentes." 

Não estaremos a ser simplesmente insanos dia após dia?

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