Hoje vou apresentar um guia de referência rápida para quem quiser fazer cartazes sobre Karate o mais corretos possível. Vou mostrar o que está errado e como fazer o correto, explicando os porquês de cada afirmação.
Para tanto, dividi o assunto em quatro partes, mostrando seis tipos de cartazes:
Parte 1 - Acentos portugueses em palavras japonesas.
Parte 2 - Acentos japoneses.
Parte 3 - O uso do hífen em palavras japonesas.
Parte 4 - A solução mais fácil.
PARTE I - Acentos portugueses em palavras japonesas.
Dependendo do país em que se vive, há uma tendência muito grande em "adaptar" determinados vocábulos à linguagem nativa. Em alguns casos, ocorre mesmo o caso de "estrangeirismo" (adoção de uma palavra estrangeira pelo idioma nativo).
No caso da palavra Karate, há uma tendência no Brasil de escrever esta palavra como sendo uma palavra oxítona (sílaba tônica no final da palavra) através da utilização de um "e" fechado, isto é, com acento circunflexo. Por sua vez, Portugal utiliza um acento grave para o mesmo fim...
Brasil - Karatê. / Portugal - Karaté. (Fig. 1.)
Ambas as versões estão erradas porque já existem as palavras caratê/caraté nos dicionários portugueses, não sendo estas escritas com "K".
Assim sendo, as três formas corretas para escrever esta palavra são:
Karate - Transcrição direta da palavra japonesa (sem acento algum).
Caratê - Português escrito no Brasil (com acento circunflexo).
Caraté - Português escrito em Portugal (com acento agudo).
(Fig. 2.)
Curiosidade 1: Mesmo que no Brasil e em Portugal a palavra Karate seja oxítona (Br) / Aguda (Pt), isto é, a sílaba tônica é a última sílaba, em Japonês esta palavra é paroxítona (Br) / Grave (Pt), ou seja, a sílaba tônica é a penúltima sílaba, sendo pronunciada kaRAte (caráte). (^_^)
Curiosidade 2: A palavra Jūdō. No Brasil esta palavra é escrita Judô (oxítona)... o que está 50% correto, uma vez que as duas vogais japonesas são longas, além de se aproximar bastante da pronúncia japonesa. Por outro lado, em Portugal escreve-se Judo (sem qualquer acento) e pronuncia-se "Júdo" (paroxítona/grave)...
Curiosidade 2: A palavra Jūdō. No Brasil esta palavra é escrita Judô (oxítona)... o que está 50% correto, uma vez que as duas vogais japonesas são longas, além de se aproximar bastante da pronúncia japonesa. Por outro lado, em Portugal escreve-se Judo (sem qualquer acento) e pronuncia-se "Júdo" (paroxítona/grave)...
O que interessa é: quando acentuamos uma palavra "japonesa", estamos a dizer que a vogal acentuada é "uma vogal longa". Na palavra karate não há vogais longas e, portanto, nenhuma vogal deve ser acentuada!
O que leva ao ponto seguinte...
PARTE II - Acentos Japoneses.
Em japonês, as vogais podem ser normais ou longas. em regra geral, a maioria das vogais longas japonesas são acentuadas com o acento "mácron", uma "barra" acima da vogal longa ("-"). A única exceção é o "i" que é grafado com duplo "i": "ii".
Na impossibilidade de utilizar o acento mácron ("-"), as regras de transcrição fonéticas japonesas permitem que seja utilizado o acento circunflexo ("^") para o mesmo fim. Por exemplo: Shitōryū ou Shitôryû <- Ambas estão corretas.
Escrever as palavras japonesas sem acento que indique as vogais longas é tão errado como escrever as palavras Portuguesas sem acentos respectivos. (Fig. 3.)
Na impossibilidade de utilizar o acento mácron ("-"), as regras de transcrição fonéticas japonesas permitem que seja utilizado o acento circunflexo ("^") para o mesmo fim. Por exemplo: Shitōryū ou Shitôryû <- Ambas estão corretas.
Escrever as palavras japonesas sem acento que indique as vogais longas é tão errado como escrever as palavras Portuguesas sem acentos respectivos. (Fig. 3.)
Portanto, um cartaz feito corretamente deve refletir a correção da acentuação das palavras japonesas. (Fig. 4.)
PARTE III - O uso do hífen em palavras japonesas.
Até hoje não há uma regra específica sobre a utilização (ou não) de hífen para separar sílabas, palavras ou expressões japonesas. Portanto fica a critério de cada um. (Fig. 5.)
PARTE IV - A solução mais fácil.
Se na altura que estiver a criar um cartaz não quiser levar nenhum dos pontos acima em consideração, há uma solução que permite que todos os aspectos formais sejam colocados à parte e, mesmo assim, apresentar um cartaz completamente correto. Basta que acrescente, em letras pequenas, como nota de rodapé, a seguinte frase:
"INTENCIONALMENTE SEM SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO FONÉTICA JAPONESA."
Ao indicar isto em um cartaz, o autor reconhece a existência de um sistema oficial de transcrição fonética (forma correta de escrever as palavras japonesas com o nosso alfabeto), mas DECIDIU não o utilizar..(Fig. 6.)
Assim, sem esforço algum, o cartaz fica correto dentro das normas de correção para palavras japonesas utilizadas em Karate.
É a melhor solução? Não, não é. Mas é melhor do que apresentar um cartaz errado!
É a melhor solução? Não, não é. Mas é melhor do que apresentar um cartaz errado!
"O outro lado da moeda". A "solução mais fácil" não é a alternativa que se espera de um Karateka. O facilitismo, o "jeitinho", a acomodação são coisas de quem não sabe Karate.
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