segunda-feira, 26 de maio de 2014

205. "O KI" é isso?!

Não há, nas Artes marciais Japonesas ensinadas atualmente, algo tão falado, tão “teorizado” como uma “energia vital” – chamada “KI” em japonês – que deve ser utilizada durante a vida do iniciado marcial…

Mas a grande realidade é que o conhecimento mínimo necessário para “saber” (e ensinar) os assuntos específicos e os tópicos importantes relacionados com esta “energia vital” parece terem sido perdidos com o passar do tempo.

No meu caso em particular, a “energia vital” sempre teve o seu lugar na minha “lista de coisas a saber”, mas sempre surgiam outras dúvidas mais “urgentes” para as quais eu tinha de ter resposta imediata, dúvidas tais como:

- Por que Miyamoto Musashi usou caracteres Sânscritos quando escreveu o Gorinsho?

- Por que Buzāganashii é usado no Gōjūryū?

- Por que se dizia haver três polos de prática de Karate em Okinawa?

- Por que era questionável a divisão dos Kata de Karate feitas por Funakoshi Gichin?

E assim por diante.

No momento tenho respostas fundamentadas e verificáveis para todas estas dúvidas, mas as respostas só vieram com bastante trabalho e pesquisa… trabalho que solidificou no que eu tenho por “conhecimento pessoal”.

Contudo, nos últimos anos, com a constante “desmitificação” das artes marciais japonesas através da pesquisa e estudo sérios, tornou-se bastante evidente que o assunto “energia vital” tão falado pelos mestres antigo, “tinha” papel importante na história das Artes Marciais orientais, mas a sua importância foi substituída pelo misticismo irrefletido.

Neste mês, então, resolvi que deveria “saber” o que é, como se processa no interior do corpo humano e as aplicações reais em combate desta “energia vital”.

Iniciados os trabalhos de pesquisa histórica e de prática sistemática de exercícios com objetivo de “conhecer” esta energia, fiquei inacreditavelmente surpreso com os resultados visíveis após uma semana de prática de “exercícios de correção do fluxo desta energia”!

Não só passei a me sentir com muito mais disposição física durante o dia inteiro como – agora que estou a rever todos os kata de base do Gōjūkai – as técnicas apresentam-se com bastante mais “Kime”, podendo ser feitas por mais tempo sem cansaço.

Como sou bastante cético, tendo em consideração o conhecimento precário (quase inexistente) que eu ainda tenho sobre este assunto neste momento, ocorreram-me duas teorias (a serem verificadas na medida do desenvolvimento e solidificação do conhecimento a este respeito):

1ª teoria – O assunto “energia vital” (KI) não passa de um “placebo”, isto é, “um remédio que não faz absolutamente nada, mas o paciente acredita na cura e, portanto, o remédio “parece fazer efeito”… ou seja o paciente auto sugestiona-se e o “milagre” acontece.

2ª teoria – O assunto “energia vital” (KI), na realidade, apresenta resultados significativos e compreensíveis a nível de condicionamento físico e, consequentemente, deve ser melhor entendido por todos que realmente seguem as tradições das artes marciais japonesas.

Uma coisa é certa: a medicina oriental tem mais de quatro mil anos de prática, a medicina ocidental… bem, tem bastante menos idade, contudo os focos de tratamento de ambas são bastante distintos, enquanto uma vê o paciente como um “organismo único”, a outra vê a doença como causa a ser eliminada… Ambas medicinas e suas formas de ver o ser humano têm seus pontos fortes e pontos fracos… Mesmo que este assunto não seja a minha preocupação iminente, vai ser necessário abordá-lo a fim de poder entender como as antigas artes marciais eram praticadas em se tratando de pontos a atacar.

Contudo, duas semanas a aprender não são absolutamente NADA em se tratando de “conhecimento efetivo”… as únicas duas coisas que pude concluir, com certeza, nestes últimos dias foram:

1 – Com o assunto “energia vital” (KI), vou ter assunto de pesquisa até morrer!
2 – E é mais do que óbvio que vou morrer sem saber tudo que gostaria de saber!

(^_^) Tão natural como isto!

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