Não
há, nas Artes marciais Japonesas ensinadas atualmente, algo tão falado, tão “teorizado”
como uma “energia vital” – chamada “KI” em japonês – que deve ser utilizada
durante a vida do iniciado marcial…
Mas
a grande realidade é que o conhecimento mínimo necessário para “saber” (e ensinar)
os assuntos específicos e os tópicos importantes relacionados com esta “energia
vital” parece terem sido perdidos com o passar do tempo.
No
meu caso em particular, a “energia vital” sempre teve o seu lugar na minha “lista
de coisas a saber”, mas sempre surgiam outras dúvidas mais “urgentes” para as
quais eu tinha de ter resposta imediata, dúvidas tais como:
-
Por que Miyamoto Musashi usou caracteres Sânscritos quando escreveu o Gorinsho?
-
Por que Buzāganashii é usado no Gōjūryū?
-
Por que se dizia haver três polos de prática de Karate em Okinawa?
-
Por que era questionável a divisão dos Kata de Karate feitas por Funakoshi
Gichin?
E
assim por diante.
No
momento tenho respostas fundamentadas e verificáveis para todas estas dúvidas,
mas as respostas só vieram com bastante trabalho e pesquisa… trabalho que
solidificou no que eu tenho por “conhecimento pessoal”.
Contudo,
nos últimos anos, com a constante “desmitificação” das artes marciais japonesas
através da pesquisa e estudo sérios, tornou-se bastante evidente que o assunto “energia
vital” tão falado pelos mestres antigo, “tinha” papel importante na história
das Artes Marciais orientais, mas a sua importância foi substituída pelo
misticismo irrefletido.
Neste
mês, então, resolvi que deveria “saber” o que é, como se processa no interior
do corpo humano e as aplicações reais em combate desta “energia vital”.
Iniciados
os trabalhos de pesquisa histórica e de prática sistemática de exercícios com
objetivo de “conhecer” esta energia, fiquei inacreditavelmente surpreso com os
resultados visíveis após uma semana de prática de “exercícios de
correção do fluxo desta energia”!
Não
só passei a me sentir com muito mais disposição física durante o dia inteiro como
– agora que estou a rever todos os kata de base do Gōjūkai – as técnicas apresentam-se
com bastante mais “Kime”, podendo ser feitas por mais tempo sem cansaço.
Como
sou bastante cético, tendo em consideração o conhecimento precário (quase
inexistente) que eu ainda tenho sobre este assunto neste momento, ocorreram-me
duas teorias (a serem verificadas na medida do desenvolvimento e solidificação do
conhecimento a este respeito):
1ª
teoria – O assunto “energia vital” (KI) não passa de um “placebo”, isto é, “um
remédio que não faz absolutamente nada, mas o paciente acredita na cura e,
portanto, o remédio “parece fazer efeito”… ou seja o paciente auto
sugestiona-se e o “milagre” acontece.
2ª
teoria – O assunto “energia vital” (KI), na realidade, apresenta resultados
significativos e compreensíveis a nível de condicionamento físico e,
consequentemente, deve ser melhor entendido por todos que realmente seguem as
tradições das artes marciais japonesas.
Uma
coisa é certa: a medicina oriental tem mais de quatro mil anos de prática, a
medicina ocidental… bem, tem bastante menos idade, contudo os focos de
tratamento de ambas são bastante distintos, enquanto uma vê o paciente como um “organismo
único”, a outra vê a doença como causa a ser eliminada… Ambas medicinas e suas formas
de ver o ser humano têm seus pontos fortes e pontos fracos… Mesmo que este
assunto não seja a minha preocupação iminente, vai ser necessário abordá-lo a fim
de poder entender como as antigas artes marciais eram praticadas em se tratando
de pontos a atacar.
Contudo,
duas semanas a aprender não são absolutamente NADA em se tratando de “conhecimento
efetivo”… as únicas duas coisas que pude concluir, com certeza, nestes últimos dias
foram:
1
– Com o assunto “energia vital” (KI), vou ter assunto de pesquisa até morrer!
2
– E é mais do que óbvio que vou morrer sem saber tudo que gostaria de saber!
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